sábado, maio 22, 2010

Alice e Suzane

“Ah trio cruel que, em tal momento
Num tempo encantador,
Pede-me um conto sem alento
Nenhum...- Que pode opor
Porém, uma única voz tíbia
A um triplo “Por favor”?”


E o coelho começou a correr, e movida por uma curiosidade febril, ela correu atrás. Mas alguém algum dia já se perguntou o que afinal de contas o que Alice queria? Não cabe à mídia, aos psiquiatras, muito menos nós, adivinhar. Por que a resposta nem mesmo ela tem idéia de qual seja. Ela só correu atrás do coelho, e se perdeu. E possivelmente no dia 22 de julho de 2006 Suzane Von Richthofen teve noção disso, após ter sido sentenciada a 39 anos de prisão, junto com seu ex-namorado.

O namoro durou cerca de três anos, em que, segundo familiares e amigos, foi o pricipal motivo pela mudança de Suzane, ao ponto dela e seus pais não se reconhecerem mais como família. Ainda assim especula-se muito sobre os porquês da história.

Mas foi no ápice do tédio de um dia-dia hermeticamente seguro por uma família tradicional alemã, que estava Suzane, que ia com o irmão, Andreas, ter aulas de aeromodelismo com Daniel Cravinhos, o que despontou a curiosidade de ver além daquilo, e a ponte para este outro universo estava ali, ao alcançe da mão, selada com uma aliança. Depois do namoro com Daniel, Suzane teve noção de seu tamanho, e de que não cabia mais naquela pequena sala em que seus país a mantinham, ela era grande demais. E num jogo de omissões, ela passava por cada proibição, como quem responde prontamente uma charada. Talvez, as vítimas dessa história tenham sido os treinadores de uma garota dissimulada, capaz de fngir bom comportamento apenas para conseguir a liberdade, mas que é inapta para convivência com outras pessoas. – Como afirma o Ministério Público de São Paulo.

Mas dissimulada a que ponto? Basta pensar de uma forma lógica para ver que não se tratava apenas de uma assassinato brutal por dinheiro. Assassinos brutais fogem, tentam desaparecer. Não dão festas a beira da psina dois dias após o enterro das vítimas, não vão a faculdade apresentar seminários, e principalmente, não confessam seu crime na primeira pergunta. A única razão para ter agido dessa forma, é de que a realidade que Suzane vivia era muito diferente daquela que existia. Mesmo assim, a jovem resiste aos flashes e as ameaças e insiste em transmitir uma imagem fantasiosa, quase estúpida, de que não tem idéia da dimensão que implica o matricídio e patricídio.

Aos poucos, Suzane viu-se obrigada a acordar, presa num jogo de palavras, ela confundiu a todos e a si mesma dentre a emendas que criava para sua história. Confrontada pela verdade dos irmãos Cravinhos, pelos amigos, pelo irmão e pelo público, ela esta presa, os imãos Cravinhos também, onde o que lhe resta é voltar a sua fantasia e esperar até que alguém consiga explicar o porquê da Alice correr tanto atrás daquele coelho.

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