quinta-feira, janeiro 14, 2010

Janela Secreta

Mais um dia exaustivo de trabalho se vai. Ela volta pra casa, como sempre naquele metrô lotado e cheio de pessoas. Pessoas. Era a última coisa que ela queria ter contato. Ter que se relacionar com elas, como era difícil! Nessas horas, ela queria um mundo sem ninguém, que nem mesmo ela existisse. Ao chegar perto de casa, ela nota que o bairro está sem energia elétrica. Começa a praguejar enquanto procura as chaves pra abrir o portão. vai iluminando o caminho com o celular, joga as coisas no sofá e inicia uma saga para encontrar uma vela no armário. Prepara um sanduíche e vai para o quarto. Nada pra fazer. Acende um cigarro e pega um livro. Que irônico... O cara do livro gosta de ficar sozinho e também queria que todos sumissem. Mais um cigarro. Os únicos barulhos que haviam na casa eram o tic tac do relógio e o barulho das cinzas do cigarro queimando. As horas passavam e a única vela da casa estava no fim, mas ela não conseguia parar de ler uma história que parecia ser a história dela.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

De novo

Eu ainda não acabei. Vou escrever até cansar. Não suporto que me digam mentiras sinceras, meias palavras... Sou a segunda opção. Em tudo. Percebi que seguir o caminho certo não é mais compensador, pensar nos outros ou se preocupar com eles não valem mais a pena, não está aqui a questão da troca, mas alguém pensa em você? Alguém realmente para pra pensar que você existe? Eu nunca penso que eu quero, e sim o que os outros querem. Eu mesma não consigo me priorizar. Isso é frustrante. Principalmente porque vejo que os outros não me priorizam. Eu sou uma substituta. Quero ser avessa a tudo. Quero não ligar pras coisas, quero não ter sentimentos, culpas ou maiores preocupações. Quero sentir frio nesse verão infernal, quero esfriar a cabeça e que ela permaneça assim o tempo todo. Quero não ligar, quero esquecer sem culpa. Quero deitar a cabeça no travesseiro com sensação de: e daí? E levantar com a sensação de deixa rolar. No banho as minhas lágrimas se misturam na água do chuveiro. Assim eu tenho a impressão de que não estou chorando, de que não sou fraca. É sempre assim, a maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. O meu momento jogando pela janela continua.

sábado, janeiro 02, 2010

Ah, look at all the lonely people!

O poder que as palavras tem é algo impressionante. Quem ouve nunca esquece. Quem diz... bom, dependendo da situação, pode até lembrar, mas fragmentos de uma frase. Eu sempre achei que a minha vida fosse um livro aberto. Muitas pessoas próximas a mim acham o mesmo, mas no ano de 2009 eu descobri que isso é bullshit. Nos meus quase 25 anos eu não lembro de outro ano que tenha sido tão ruim quanto esse. Mortes, umas atrás da outra, não falo só de Michael Jackson, mas de pessoas próximas e extremamente queridas, sem dar espaço pra se conformar, não que eu vá me conformar também, nunca aceitei a morte, sempre aquele sentimento de que eu poderia ter dito isto, ou aquilo, eu poderia ter agido assim, ou mesmo assado. Poderia, porque agora eu não posso mais. Claro, não posso ser tão ingrata também e deixar de lembrar coisas boas que me aconteceram, como a faculdade, as pessoas que eu conheci lá, outras pessoas que eu conheci fora de lá, reencontrar amigos de longe, ter me libertado de um "encosto" que pesava na minha vida há alguns anos logo no dia 05 de janeiro, que me fez voltar mais tarde só pra eu chegar por cima da carne seca, fazer uma rápida aparição e sair de cena novamente (o que me rendeu uns meses de pesadelos) e outras coisas, impressionante como a gente só se lembra de desgraça. Principalmente nos últimos meses de 2009, eu pensei e repensei muita coisa da minha vida. Se é esse mesmo o caminho que eu quero seguir (também se eu pensasse do contrário poderia ser um pouco tarde), sobre as minhas escolhas, o que eu fiz até agora, o que fazer, como fazer... Posso dizer com certeza que um limão era muito mais doce que eu. E sim, cheguei a explodir várias vezes... E nessas explosões era que eu percebia o quanto eu guardo as coisas pra mim, o quanto eu sou fechada. Acho que eu nunca pensei tanto em tanta merda quanto eu pensei por esses tempos. Eu gostaria muito de encontrar uma forma de solucionar todas as minhas preocupações, mas já percebi que não rola. Desencanei. Deixa acontecer, a gente espera o final. Foi aí, justamente aí que eu notei algo. Das pessoas que você menos espera vem palavras que te ferem como uma espada de Samurai. E que te fazem perder o sono, chorar por horas e descontroladamente, te deixam abalada, sem dormir, mesmo com sono, só pensando e arquitetando planos pra driblar os problemas pra se sentir um pouco mais segura. Nessas horas parece que uma tempestade passa por você, e aí ela vai levando tudo, e o que você sabia ou conhecia não tá mais ali, ela deixa algo irreconhecível no lugar, e você tenta desvendar tudo de novo. Percebi que apesar de ter mil pessoas a minha volta, eu sou completamente só e anônima. Eu tenho certeza que se eu sumir ninguém vai dar conta. Talvez minha mãe. E agora acabo de me dar conta de que o nome do meu blog realmente tem tudo a ver comigo. Ele não é apenas o nome de uma das minhas músicas favoritas, mas o nome de uma pessoa que se parece comigo. Meu, são 4h30 da madruga, se você leu até aqui é um grande vencedor, eu não faria isso, aliás, ninguém nunca vem no meu blog porque geralmente eu nunca escrevo nada que preste, ele tem servido pra postar as minhas opiniões sobre a aula do Makoto, espero muito que ele leia esse pra ele ver o que eu realmente acho de tudo e o que eu estou pensando ultimamente, que tudo tá uma bosta, isso sim! E foda-se tudo, vou continuar a caminhar sozinha mesmo.