quarta-feira, setembro 02, 2009

O pacote

Numa manhã de chuva, assim como as anteriores, ela se levantou e desejou do fundo do seu coração que fosse domingo. Se arrumou lentamente e foi trabalhar. Em sua caixa de e-mails ela vê um nome especial e clica rapidamente. Nele havia um número de telefone e palavras que juntas formavam tudo o que ela desejava ouvir, mas ainda assim sabia que não aconteceria. Discou o número e esperou. Aquela voz conhecida que sempre lhe trouxe cumplicidade atendeu e disse palavras das quais ela abstraiu cada letra, hipnotizada pelo som. Algumas horas depois ela recebe um pacote. Tenta aparentar a mais displicência ao recebê-lo e deixa o pacote ao seu lado. As horas não passam, assim como a chuva do lado de fora. Em ponto ela se levanta e sai com o pacote. Avança algumas ruas no intuito de não ser vista por alguém conhecido, a chuva ainda é torrencial, então ela chega a uma rua vazia. Segura o guarda-chuva com o ombro enquanto abre o pacote com as mãos tremulas. Os muros presenciavam seu rosto tenso ao ver o presente. Leva alguns segundos para esboçar alguma reação, que é representada por grossas lágrimas descendo pelo seu rosto. Ela não se move. O presente em suas mãos, a rua vazia e a chuva caindo copiosamente, assim como as suas lágrimas, fazem ela voltar no tempo e perceber que as ações de outrora não poderão ser repetidas.

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