domingo, maio 17, 2009

Fotografia



No ano de 1914, um determinado grupo se encontra todas as sextas-feiras para um agradável pic nic a beira do Rio Tietê. As famílias com bons poderes aquisitivos eram um prato cheio para minhas fotografias, já que faziam questão de registrar seus momentos e podiam pagar por eles.
Aproximo-me desse grupo, bem alegre, que nota a minha presença. Observo as pessoas e julgo que ali há duas famílias, com seus criados e ainda alguns convidados. Parecem comemorar algo. Ou vem aqui com freqüência?
Eles me abordam e pedem pra que eu tire uma fotografia. Começo a posicioná-los, e acabo conhecendo um pouco de cada, porém, do grupo, três pessoas me chamaram atenção. Luma é mãe de um bebê, que mais parece uma boneca. Sinto que ela tem medo de deixar o bebê na cadeira, e ao velar essa fotografia, vejo que seu sorriso está inseguro pela inquietação deste no assento. Juliano, um homem distinto, convidado da família, me aparece na fotografia rindo de certo rapaz que tomou uns copos de vinho a mais, e sai na foto praticamente no colo de um criado da casa. Bruna é a boneca de porcelana que é segurada por uma linda mocinha, sentada entre seus pais. A boneca parece ser bem mais querida que muitas pessoas presentes na fotografia. Tamanha importância da boneca, que cobre parte do rosto de sua dona, numa tentativa de superioridade.
Peço que aguardem uns minutos para que eu entregue a foto, ela vai passando de mão em mão, abrindo um sorriso no rosto de cada um, eles vão observando os detalhes, rindo, como sempre as mulheres reclamando de suas aparências, a criança feliz pelo enquadramento de sua boneca.